O presidenciável Ciro Gomes (PDT) compreendeu a
necessidade de enfrentar o discurso de que a eleição sem a participação do
ex-presidente Lula é golpe institucional. Ciro Gomes começa a liderar o movimento político-institucional
da construção da frente social progressista, que não acredita na participação
do ex-presidente Lula no pleito eleitoral desse ano. O Partido Democrático
Trabalhista e o Partido Comunista do Brasil não têm interesse em esperar que o
Partido dos Trabalhadores indique o seu substituto interno para a candidatura
presidencial do Lula.
O atual capital político-eleitoral do ex-presidente
Lula é mais sentimento de saudosismo de parte do eleitorado brasileiro, sendo a
região do Nordeste o principal foco do lulismo. O Partido dos Trabalhadores já
compreendeu que o sentimento de solidariedade ao ex-presidente Lula nos
movimentos sociais, em relação ao julgamento do processo do Lava-Jato, não tem
ressonância entre os eleitores tradicionais lulistas, mesmo nos estratos
econômicos mais pobres da sociedade civil. O cidadão-eleitor lulista lembra o
cidadão-eleitor malufista que votava no seu líder por sua capacidade
administrativa, em detrimento do julgamento das ações éticas e morais do seu
candidato.
Na esquerda brasileira existe a cultura do
confronto de teses, para ao final ter somente única tese hegemônica. O
presidenciável Ciro Gomes (PDT) cansou de esperar pelo bom senso do ex-presidente
Lula após o seu julgamento de segunda instância na Justiça Federal. Ciro Gomes
acompanhou o sentimento reinante nos setores progressistas não-petistas, que já
estariam cansados da demora na construção do fórum político-eleitoral do futuro
candidato presidencial de centro-esquerda da política brasileira. A tese da não
candidatura do ex-presidente Lula, já começa a se tornar majoritária na maioria
dos partidos progressistas (PDT-PC do B) e até mesmo no Partido dos
Trabalhadores.
Nos próximos dias teremos o surgimento da mesa de
negociação do presidenciável Álvaro Dias (PODE) e a presidenciável Marina Silva
(REDE), que será acompanha pelos partidos PHS, PPS e PV que estarão de olho na repercussão positiva dessa provável aliança
perante a opinião pública brasileira. O pedetista Ciro
Gomes sabe do poder do estrago da coligação REDE-PODE numa fragmentação de três
postulações presidenciais (PDT-PC do B-PT) no campo político de
centro-esquerda. O ex-prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad, já
iniciou uma série de reuniões, com o presidenciável Ciro Gomes (PDT), para a
construção do cenário político-eleitoral sem a candidatura presidencial do
ex-presidente Lula.
Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor
político
Fortaleza, 25 de Fevereiro de 2018
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